Que necessidade louca é essa nossa de compartimentar, dividir, etiquetar, nomear...
Fazer linhas num papel, dividir os lugares, chamar de mapa.
Pra quê mapa?
Só gosto de mapa de viagem... aquele que guia até o destino desejado. Aquele que é mais SETA do que de divisão. Aliás, essas divisões não dividem, DIMINUEM.
O melhor mesmo é se sentir DO MUNDO. filho da Terra. Não bastam as divisões já impostas pelos continentes não, heim?
(....)
Falei esse monte de besteira porque tava pensando na virada do ano.
Nossa cabecinha é muuuuuito metódica... sexta-feira, 31, após 0h, lá estaremos NÓS abraçando quem amamos ou quem estiver por perto, cheios de promessas, planos, novos ideais, novos desejos...
Pra q esperar?
Que coisas loucas são os rituais.
....................................................Se sentir casada depois do SIM, se sentir mais velha depois da data, se sentir mais dono de si depois dos 18, se sentir mais ... mais.... mais.....................................................
o que é q a gente se sente mais depois da meia-noite do ano novo? De onde vem todo esse poder de mudança, de recomeço, de "caixa nova vazia"?
Coisa bem louca. Coisa de gente. Humano.
Mas melhor do q refletir esse monte de besteira e escrever as besteiras pensadas em um blog, é se jogar na noite de ano novo, se enganar prometendo que tudo vai ser diferente e torcer pra q seja mesmo. e fazer por onde!
Boa virada pra todos nós!
Poeminha lindo do Drummond:
Receita de ano novo
Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.